Em manifestação contra lockdown, Bolsonaro diz que governo faz 'esforço hercúleo' no combate à pandemia
André de Souza e Adriana Mendes / O GLOBO
BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo federal tem agido de "forma estratégica" e com um "esforço hercúleo no combate à pandemia". A manifestação foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em justificativa contra o "lockdown" e outras medidas restritivas de alcance nacional como forma de conter a pandemia de Covid-19. De acordo com o documento, o governo tem enfrentado a pandemia levando em conta "critérios científicos" para "minimizar os riscos à saúde da população nacional".
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"O governo federal tem, de forma estratégica e proativamente, envidado esforço hercúleo no combate à pandemia, segundo critérios científicos e técnicos aplicáveis à matéria, sempre com o escopo de minimizar os riscos à saúde da população nacional", diz um trecho do documento.
A ação foi apresentada por uma série de sindicatos e centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT). Entre outras coisas, pediram que o STF obrigue o governo federal adotasse medidas de lockdown por 21 dias.
Para justificar o posicionamento, o documento cita o trecho de uma carta sobre o posicionamento de um emissário da Organização Mundial da Saúde (OMS) em que ele defende que" lockdowns têm apenas uma consequência que nunca se deve minimizar, que é tornar as pessoas pobres muito mais pobres”. No trecho também é destacado que as "medidas para controlar a Covid-19 dependem das avaliações de risco locais".
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) também se posicionou ontem contra medidas restritivas de alcance nacional. Na avaliação do procurador-geral da República, há diferenças regionais que não permitem uma ação comum em todo o país.
Em vídeos compartilhados nas redes, Lula e Ciro aparecem em clima de pré-campanha
Camila Zarur / O GLOBO
Ainda que 2022 esteja longe, nas redes sociais possíveis candidatos à eleição presidencial e seus partidos já estão em clima de pré-campanha. Nesta semana, um vídeo do ex-presidente Lula (PT) em meio eleitores foi compartilhado com um jingle que canta sobre a saudade da época que o petista estava no poder. Já o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) lançou uma série de vídeos curtos com propostas para o país.
Embora o vídeo de Lula não faça parte da campanha oficial do ex-presidente, ele foi compartilhado por membros do partido, como os deputados Helder Salomão (ES) e Alencar Santana Braga (SP).
O jingle chiclete canta que está com saudades de votar no ex-presidente e da época que "tinha carne, cerveja e churrasco”. Em outro verso, a música diz “não estou aguentando dinheiro acabando, e nós sofrendo comendo só ovo”. Nas imagens aparecem Lula discursando e entre os eleitores, além de gravações de pessoas dançando — o que dá ao clipe uma cara de peça publicitária eleitoral.
O jingle, feito pelo músico Juliano Maderada, é uma paródia da música Tapão na Raba, cantada por Rai Saia Roda. No canal do Youtube do artista, Maderada Music Show, há outras canções feitas para Lula e contra o presidente Jair Bolsonaro.
Procurado, o petista disse que não está discutindo candidatura por ora.
Ciro Gomes, por sua vez, já tem apostado na divulgação de vídeos voltados para sua possível candidatura no ano que vem. Nesta semana, lançou uma série de gravações curtas em que fala as propostas do PDT para o país. O material já faz parte da estratégia de comunicação de João Santana, que já foi marqueteiro de Lula e da ex-presidente Dilma e foi contratado pelo ex-ministro por um contrato de R$ 250 mil por mês.
Os vídeos de Ciro seguem um visual mais limpo, comparado ao que está sendo compartilhado pelos petistas. O ex-ministro aparece em um fundo neutro e faz um breve discurso de menos de um minuto. Até o momento, três vídeos do tipo foram publicados: no primeiro, Ciro se direciona aos desempregados e trabalhadores informal; no segundo, critica os governos federais passados, afirmando que eles seguem o mesmo modelo desde a gestão de Fernando Henrique; e, no terceiro, fala sobre impostos e desigualdade.
Número de mortes, casos e internações cai, mas permanece crítico, afirma Fiocruz
RIO — Levantamento da Fiocruz divulgado nesta quarta-feira aponta queda no número de casos, mortes e ocupação de leitos pela Covid-19, mas mostra que os valores permanecem em patamares críticos.
O estudo mostra que a taxa de letalidade mais que dobrou, de 2% no final de 2020 para 4,4% na última semana epidemiológica, de 18 a 24 de abril. De acordo com os pesquisadores do Observatório Covid-19, este aumento pode ser consequência da "falta de capacidade de se diagnosticar correta e oportunamente os casos graves, somado à sobrecarga dos hospitais, que tem dificultado o acesso de pacientes aos cuidados necessários e também comprometido a qualidade do cuidado ofertado".
O número de casos diminuiu a uma taxa de -1,5 % ao dia, enquanto o de óbitos por Covid-19 foi reduzido a uma taxa de -1,8 % ao dia. Segundo os pesquisadores que fizeram o levantamento, isso revela “uma tendência de ligeira queda, mas ainda não de contenção, da epidemia”.
Em relação à taxa de ocupação de leitos, destaque para a redução nos estados de Rondônia (de 94% para 85%) e Acre (de 94% para 83%), embora permaneçam na zona de alerta crítico, a saída de Alagoas da zona de alerta crítico para a zona de alerta intermediário (de 83% para 76%) e a saída da Paraíba da zona de alerta (de 63% para 53%). No Sudeste, o indicador caiu mais um pouco em Minas Gerais (de 89% para 85%), Espírito do Santo (de 91% para 88%) e São Paulo de 83% para 80%, com a capital de São Paulo deixando a zona de alerta crítico e entrando na zona de alerta intermediário (de 84% para 79%). Também merecem destaque a tendência persistente de queda do indicador no Rio Grande do Sul (de 83% para 81%) e sua capital (de 87% para 82%).
Dez estados e o Distrito Federal encontram-se com taxas de ocupação superiores a 90%: Tocantins (91%), Piauí (93%), Ceará (97%), Rio Grande do Norte (91%), Pernambuco (96%), Sergipe (97%), Paraná (94%), Santa Catarina (95%), Mato Grosso do Sul (96%), Mato Grosso (91%) e Distrito Federal (97%).
Outros dez estados apresentam taxas de ocupação de leitos entre 80% e 89%: Rondônia (85%), Acre (83%), Pará (80%), Leitos de UTI para Covid-19 Bahia (82%), Minas Gerais (85%), Espírito Santo (88%), Rio de Janeiro (88%), São Paulo (80%), Rio Grande do Sul (81%) e Goiás (89%).
Quatro estados estão na zona de alerta intermediário (entre 60% e 80%): Amazonas (65%), Amapá (63%), Maranhão (74%) e Alagoas (76%). Por fim, dois estados estão fora da zona de alerta: Roraima (43%) e Paraíba (53%).
Na visão dos pesquisadores do Observatório, o quadro atual pode representar uma desaceleração da pandemia, com a formação de um novo patamar, como o ocorrido em meados de 2020, porém com números muito mais elevados de casos graves e óbitos, que revelam a intensa circulação do vírus no país. “Esse conjunto de indicadores, que vêm sendo monitorados pelo Observatório Covid-19 Fiocruz, mostram que a pandemia pode permanecer em níveis críticos ao longo nas próximas semanas”.
Diante desse cenário, os pesquisadores alertam que a flexibilização sem um controle rigoroso das medidas de distanciamento físico e social pode retomar o ritmo de aceleração da transmissão, com a “produção” de novos casos, vários deles graves, e elevação das internações e taxas de ocupação de leitos.
Batalha política - FOLHA DE SP
A política esteve na berlinda no primeiro dia da CPI da Covid. Acossado, o governismo deu mostra de que pretende estigmatizar a comissão instalada pelo Senado como mero palanque parlamentar. Saiu derrotado na batalha inicial, mas o argumento tem seu apelo.
“Aquele parlamentar que estiver nesta CPI e quiser subir nos caixões dos quase 400 mil mortos para fazer política rasteira e barata, para atacar o presidente Bolsonaro, o governo federal, antecipar o palco de 2022, esse a população vai saber identificar, avaliar e julgar”, discursou o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Deixando-se de lado a súbita e mais que duvidosa preocupação do filho do presidente com as vítimas brasileiras da pandemia, trata-se de ofensiva de impacto perceptível entre os designados para a cúpula da comissão de inquérito.
Não foi por acaso, decerto, que tanto o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), como o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), repetiram com insistência que não haverá politização dos trabalhos.
Jair Bolsonaro, outrora apenas uma esquisitice na Câmara dos Deputados, chegou ao Palácio do Planalto graças a uma desilusão geral com a política, na esteira dos protestos populares de 2013, do impeachment de Dilma Rousseff (PT) e das revelações da Lava Jato.
Seu discurso antissistema farsesco, embora já bastante desmoralizado, ainda encontra eco em parcela considerável do eleitorado —a aprovação ao governo marcava 30% em março, segundo o Datafolha.
Se ainda tem força nas ruas, Bolsonaro é uma negação na arena brasiliense. Fracassou, previsivelmente, a canhestra tentativa de impedir que Calheiros assumisse a relatoria da CPI por meio de uma decisão judicial; o candidato governista à presidência do colegiado perdeu por 8 votos a 3.
É fato que comissões parlamentares de inquérito pecam costumeiramente por politização excessiva e contraproducente. Cabe repetir, entretanto, que a investigação dos desmandos na gestão da pandemia contará com rara fartura de casos graves e evidentes a explorar.
A estratégia do confronto se mostra arriscada para um presidente que dispõe de sustentação partidária volátil. O centrão vive a elevar o preço por seu apoio, que dificilmente ficará incólume em caso de piora dos humores populares.
O poder do cargo, da caneta e do Orçamento não bastou para evitar a instalação da CPI. A oportunidade de fazer a melhor política —à base de diálogo, convencimento e negociação— já foi perdida por Bolsonaro há muito tempo.
Valor médio do Bolsa Família deve aumentar para R$ 250, diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (28) que, a partir de agosto ou setembro, pretende ampliar de R$ 190 para R$ 250 o valor médio pago a beneficiários do Bolsa Família.
"Só de auxílio emergencial ano passado, nós gastamos mais do que 10 anos de Bolsa Família. Então, o PT, que fala tanto em Bolsa Família, hoje a média dá R$ 192. O auxílio emergencial está R$ 250, é pouco, sei que está pouco, mas é muito maior que a média do Bolsa Família. A gente pretende passar para R$ 250, agora, em agosto, setembro", afirmou Bolsonaro a apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada. A interação foi transmitida por um canal de vídeos simpático ao presidente.
Das 14,6 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa Família, 10 milhões optaram por receber o auxílio emergencial, que acaba sendo mais vantajoso.
Este grupo representa a liberação mensal de R$ 3 bilhões. Esse valor é oriundo da verba aprovada para o auxílio, não do orçamento do Bolsa Família. Os recursos que sobrarem deverão ser utilizados para financiar o aumento mencionado por Bolsonaro a partir de agosto, quando termina esta nova rodada do auxílio emergencial.
O auxílio emergencial foi renovado em 2021, de abril a julho. O benefício varia de acordo com a composição da família. As parcelas vão de R$ 150 a R$ 375 por mês. No caso do Bolsa Família, o benefício médio está na faixa de R$ 190 por mês.
O Bolsa Família foi criado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Bolsonaro pretendia criar um programa que substituísse uma das principais marcas da gestão petista. Os dois deverão se enfrentar nas urnas em outubro de 2022.
Com a pandemia de Covid-19, o governo criou o auxílio emergencial, que catapultou a popularidade de Bolsonaro. No ano passado, foram cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300. Os desembolsos dobravam para mães chefes de família. Foram gastos R$ 293 bilhões para atender 67,9 milhões de pessoas.
Em abril, o governo começou a pagar quatro parcelas de R$ 150, R$ 250 ou R$ 375. O valor depende do tamanho da família. O governo prevê um gasto de R$ 44 bilhões para atender 45,6 milhões pessoas.
Nesta quarta, o ministro Paulo Guedes (Economia) voltou a prometer um novo programa social voltado para trabalhadores informais, que deve ser chamado de BIP (Bônus de Inclusão Produtiva).
O governo calcula que há cerca de 40 milhões de trabalhadores informais no país.
“Nós devemos a eles também ferramentas de sobrevivência nos próximos meses enquanto fazemos a vacinação [contra a Covid-19] em massa”, disse Guedes.
A ideia do BIP surgiu em fevereiro, quando a equipe econômica tentou realizar mudanças na nova rodada do auxílio emergencial. O objetivo era que o recebimento do auxílio pudesse ser associado a um curso aos beneficiários, que, em sua maioria, têm baixo nível de qualificação.
Guedes promete novo programa social voltado a trabalhadores informais, chamado de BIP
O ministro Paulo Guedes (Economia) voltou a prometer um novo programa social voltado para trabalhadores informais, que deve ser chamado de BIP (Bônus de Inclusão Produtiva).
O governo calcula que há cerca de 40 milhões de trabalhadores informais no país. “Nós devemos a eles também ferramentas de sobrevivência nos próximos meses enquanto fazemos a vacinação [contra a Covid-19] em massa”, disse Guedes nesta quarta-feira (28).
A ideia do BIP surgiu em fevereiro, quando a equipe econômica tentou realizar mudanças na nova rodada do auxílio emergencial. O objetivo era que o recebimento do auxílio pudesse ser associado a um curso aos beneficiários, que, em sua maioria, têm baixo nível de qualificação.
Portanto, segundo integrantes do governo, o plano seria que o auxílio fosse associado à Carteira Verde e Amarela, programa que deve ser relançado pelo governo para reduzir encargos trabalhistas e estimular a formalização de pessoas de baixa renda.
Sem dar detalhes, Guedes retomou nesta quarta o plano do BIP, argumentando que o país não tem um mercado de trabalho formal mais amplo por causa de uma legislação trabalhista obsoleta.
O auxílio emergencial foi renovado em 2021, de abril a julho. O benefício varia de acordo com a composição da família. As parcelas vão de R$ 150 a R$ 375 por mês. No caso do Bolsa Família, o benefício médio está na faixa de R$ 190 por mês.
O governo promete um novo programa social assim que acabarem as parcelas do auxílio emergencial. Portanto, em agosto.
Segundo o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, a parte de assistência social das novas medidas a serem lançadas pelo governo estão sendo estudadas pelo Ministério da Cidadania, enquanto que a equipe econômica analisará as questões orçamentárias, além dos pontos relativos à legislação trabalhista.
Bianco citou que os estudos consideram a criação de um novo contrato de trabalho, mais flexível, e que seja, segundo ele, mais adequado ao momento da economia após a pandemia da Covid-19 para estimular a formalização de trabalhadores. “A ideia é dar um incentivo para trabalhadores informais”, disse.