‘Ninguém vai mexer no Simples, ninguém vai mexer no MEI’, afirma Guedes
/ O GLOBO
BRASÍLIA – O ministro da Economia, Paulo Guedes, descartou a possibilidade de mudança nos regimes de tributação para microempreendedores, micro e pequenas empresas, especificamente o Simples e o de microempreendedores individuais (MEI).
A declaração foi feita semanas após o secretário da Receita Federal, José Tostes Neto, afirmar que a revisão desses regimes viria na esteira da reforma tributária.
— O sistema Simples está mantido. Ninguém vai mexer no Simples, ninguém vai mexer no MEI – declarou o ministro durante coletiva sobre a arrecadação federal, que teve resultado positivo: em seis meses, impostos e contribuições federais somaram R$ 881,99 bilhões, de acordo com a Receita.
No início do mês, Tostes havia afirmado que era necessário revisar os regimes de tributação de Simples e MEI. Na ocasião, ele disse que havia uma opção de apresentar essas propostas após a harmonização dos Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), que está em discussão no Congresso.
A proposta inicial do governo para redução do imposto das empresas era de cinco pontos percentuais até 2023.
Após uma série de críticas, o relator do projeto na Câmara, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), propôs cortar à metade (de 25% para 12,5%) o IRPJ. Na primeira etapa, a alíquota cairá 10 pontos percentuais (p.p.) no ano que vem. Em 2023, a alíquota será reduzida em mais 2,5 p.p.
Para Guedes, a diminuição da tributação sobre empresas é possível pelo avanço da arrecadação. Mais uma vez, ele defendeu a proposta da reformulação do imposto de renda:
— Nós estamos desonerando as empresas. Os impostos, que estão entre 34% e 39%, nós queremos puxar para a faixa dos 25%.
O ministro defendeu a reforma tributária apresentada pelo governo, dizendo que há vetores muito claros na diminuição do peso de impostos sobre empresas e assalariados e foco na elevação dos tributos para os super ricos.
— Vamos tributar lucros e dividendos, que não pagam impostos: há mais de 25 anos foram isentos. É a jabuticaba brasileira, é uma máquina de privilégio: você favorece os super ricos e taxa as empresas – declarou.
Com centrão, Bolsonaro instala comitê da reeleição dentro do Planalto
Jair Bolsonaro fez uma jogada completa para garantir sua sobrevivência até o ano que vem e organizar uma estrutura para a reeleição. A instalação de um expoente do centrão no coração do governo reduz o risco de impeachment, estreita os laços do presidente com um partido que pode abrigá-lo para a disputa e instala um comitê de campanha dentro do Palácio do Planalto.
A decisão de Bolsonaro de desalojar o amigo Luiz Eduardo Ramos e entregar a Casa Civil ao senador Ciro Nogueira, chefe do PP, é um sinal claro de fragilidade do governo. Mas enquanto a oposição esperava que o centrão se divorciasse de um presidente fraco, os termos da união acabaram se tornando mais vantajosos.
A nomeação de Nogueira reforça a proteção que políticos governistas dão a Bolsonaro para bloquear o impeachment. Na Casa Civil, o presidente do PP vai trabalhar para ampliar a fidelidade dessa base, podendo destravar nomeações de interesse dos parlamentares e facilitar a destinação de verba para os redutos eleitorais dos aliados de Bolsonaro.
Com mais chances de chegar inteiro a 2022, o presidente pode ganhar a pedra fundamental de sua candidatura: um partido que tope lançá-lo à reeleição. Após derrotas nas negociações com outras legendas, Bolsonaro discute a possibilidade de voltar ao PP. Nogueira, principal entusiasta desse plano, já conseguiu reduzir resistências à ideia na sigla.
Outra tarefa do centrão no Planalto será azeitar a máquina do governo para a disputa do ano que vem. Os políticos do grupo diziam que a Casa Civil de Ramos não tinha capacidade de gerenciar obras e investimentos, além de falhar na divulgação de ações que poderiam fazer parte de um portfólio de campanha para Bolsonaro. O novo ministro quer mudar essa história.
O governo viu a reeleição em risco e decidiu apostar num profissional para tentar virar o jogo. O centrão está afinado com Bolsonaro e tem interesse nessa empreitada, mas não é capaz de fazer milagres. O presidente ainda é o mesmo.
Bruno Boghossian
Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).
Com arrecadação em alta, Bolsonaro anuncia desbloqueio total no Orçamento dos ministérios
21 de julho de 2021 | 10h50
Atualizado 21 de julho de 2021 | 12h51
BRASÍLIA e SÃO PAULO - Com a arrecadação em alta, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 21, que o Ministério da Economia vai desbloquear todos os recursos previstos no Orçamento para os ministérios.
"Temos que ter responsabilidade, trabalhamos, conseguimos no dia de ontem aqui com Paulo Guedes e vários outros ministros também, como a arrecadação tem aumentado assustadoramente, estou até preocupado positivamente, óbvio, né, a arrecadação subiu assustadoramente, nós resolvemos descontingenciar todos os recursos previstos no orçamento dos ministérios, todos", afirmou o presidente à rádio Jovem Pan.
De acordo com o Ministério da Economia, restam R$ 4,5 bilhões bloqueados do orçamento dos ministérios. Esse valor permaneceu bloqueado até o momento para cumprimento do teto de gastos, a regra que limita o crescimento das despesas do governo.
O bloqueio foi feito no início do ano para garantir o cumprimento das metas fiscais diante das incertezas do efeito econômico da pandemia de covid-19. Na quinta-feira, 22, o governo divulgará o novo relatório de avaliação de receitas e despesas, em que deverá divulgar o desbloqueio.
A maior parte dos recursos bloqueados é do Ministério da Educação (R$ 1,6 bilhão), mas a suspensão das verbas também atingiu outros ministérios de forma pulverizada: Agricultura (R$ 80 milhões), Cidadania (R$ 205 milhões), Ciência e Tecnologia (R$ 255 milhões), Comunicações (R$ 145 milhões), Defesa (R$ 672 milhões), Desenvolvimento Regional (R$ 383 milhões), Economia (R$ 831 milhões), Infraestrutura (R$ 40 milhões), Justiça (R$ 3 milhões), Minas e Energia (R$ 90 milhões), Presidência (R$ 36 milhões), Relações Exteriores (R$ 143 milhões), Saúde (R$ 26 milhões) e Turismo (R$ 56 milhões).
Arrecadação bate recorde
Nesta quarta, a Receita divulgou que a arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 137,2 bilhões em junho. O resultado representa um aumento real (descontada a inflação) de 46,8% na comparação com o mesmo mês de 2020. Foi o maior para meses de junho desde 2011, quando a arrecadação no sexto mês do ano foi de R$ 143,8 bilhões.
No acumulado do primeiro semestre, a arrecadação federal somou R$ 882 bilhões, o maior volume para o período na série histórica da Receita, iniciada em 2007. O montante representa um avanço real de 24,5% na comparação com os primeiros seis meses do ano passado.
O ministro Paulo Guedes vem apostando todas as fichas no crescimento da arrecadação dado pela recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021. Enquanto o ministro já projeta receitas até R$ 200 bilhões superiores ao esperado para este ano, mas especialistas apontam que ainda não há como cravar que esse crescimento é estrutural ou apenas cíclico.
A Receita Federal atribui a alta da arrecadação nos últimos meses ao crescimento da economia brasileira puxada pelo aumento do preço das commodities (produtos básicos, como alimentos, petróleo e minério de ferro, que são exportados pelo Brasil), a economia vem dando sinais de melhora e a arrecadação segue em alta.
No ano passado, a primeira onda da pandemia foi marcada por medidas de restrição da atividade econômica para tentar conter a disseminação do vírus – o que levou à queda da arrecadação no primeiro semestre de 2020.
Além disso, em 2020, o governo adiou o pagamento de tributos como PIS, Pasep e Cofins e a arrecadação previdenciária, o que baixou a arrecadação. Em 2021, como esses pagamentos não foram postergados, houve alta comparativa na receita desses tributos.
Na entrevista coletiva, o ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou que a arrecadação de todos os tributos registram altas expressivas em 2021. Ele lembrou que o setor de serviços, que foi o mais abatido pela pandemia de covid-19, já está com alta no recolhimento de impostos. “O PIS/Cofins tem aumento real de 40%, o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) tem 34% de aumento real, a previdência com praticamente 18%, o imposto sobre importação com 43%, o IPI com 30%. Praticamente todos os vetores mostrando forte impulsão. De 86 setores, apenas seis estão abaixo do que estavam quando a pandemia nos atingiu São os eventos, agências de viagem, bares e restaurante, porque ainda existem cuidados de distanciamento social”, afirmou.
Segundo Guedes, a alta atual na arrecadação federal decorre de um novo nível do Produto Interno Bruto (PIB). O ministro disse que mesmo que a economia pare de crescer, o recolhimento de tributos deve continuar nesse patamar. “Mesmo que o Brasil cresça 2% daqui para frente, a arrecadação é sustentável. Devemos avançar numa reforma mais sustentável. Nosso momento é de arriscar (na reforma tributária). Os liberais democratas preferem reduzir impostos, correr o risco da redução”, acrescentou.
Por outro lado, o ministro reclamou do aumento de 150% da compensação de tributos por meio de ações judiciais, “O que está acontecendo na verdade é que esses regimes tributários criaram muita incerteza jurídica. Por isso precisamos simplificar os impostos”, avaliou. “Os regimes de PIS/Pasep e Cofins são máquinas de arrecadação, mas geram muito contencioso. Temos que sair destes regimes, deste inferno tributário que nós temos”, disse. / COLABORARAM EDUARDO RODRIGUES E FABRÍCIO DE CASTRO
Pressionado, Bolsonaro deve colocar Ciro Nogueira na Casa Civil e recriar pasta do Trabalho
21 de julho de 2021 | 01h02
Atualizado 21 de julho de 2021 | 12h31
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro confirmou, na manhã desta quarta-feira, 21, que fará mudanças em seu ministério até a próxima segunda-feira, 26. O movimento faz parte da estratégia do governo de reforçar o apoio dos parlamentares do Centrão, que hoje comandam o Congresso Nacional.
Em entrevista nesta manhã à rádio Jovem Pan Itapetininga, o chefe do Executivo afirmou que os novos ministros foram escolhidos “com critério técnico”, sem dar mais detalhes. “É para a gente continuar administrando o Brasil.”
Conforme antecipou o Estadão, Bolsonaro vinha sendo pressionado pelo Centrão a mexer na articulação política do governo e a substituir os ministros Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) e Onyx Lorenzoni (Secretaria-Geral). A cadeira de Ramos deverá ser ocupada pelo senador Ciro Nogueira (PI), presidente do Progressistas.
Aliados do governo avaliam que Bolsonaro precisa contemplar o Senado, principalmente agora, com o presidente acuado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e na expectativa de aprovar as indicações de André Mendonça para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) e a recondução de Augusto Aras como procurador-geral da República.
Ramos seguiria para a cadeira de Onyx na Secretaria-Geral. Para não abrir mão de Onyx, porém, Bolsonaro deve recriar o Ministério do Trabalho. O presidente deve editar uma Medida Provisória já no início da próxima para efetuar esta e as demais trocas.
"Estamos trabalhando, inclusive, uma pequena mudança ministerial, que deve ocorrer na segunda-feira, para ser mais preciso, para a gente continuar aqui administrando o Brasil", disse Bolsonaro à rádio.
A pasta do Trabalho é o segundo ministério recriado por Bolsonaro para acomodar a base aliada. Em 2020, o presidente havia recriado o ministério das Comunicações para nomear o deputado Fábio Faria (PSD-RN). Eleito em 2018 com um discurso de enxugamento da máquina pública, Bolsonaro prometeu na campanha uma Esplanada com 15 ministérios. Com a pasta do Trabalho, ele terá 24, nove a mais que o prometido.
O Estadão apurou que, nos grupos de WhatsApp do Progressistas, parlamentares já parabenizam Ciro Nogueira pela possibilidade de assumir o cargo, embora não haja confirmação formal. Efetivada a nomeação de Nogueira, quem assume a vaga no Senado é sua mãe, Eliane Nogueira.
Para o lugar de Onyx, além de Ramos, um nome citado é o do senador Davi Alcolumbre (AP), que também é do DEM.
Além de abrigar a CPI da Covid, o Senado também vai avaliar em agosto, após o recesso parlamentar, a indicação do advogado-geral da União, André Mendonça, para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal. Alcolumbre preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde Mendonça será sabatinado, e tem mostrado resistências à indicação dele para a vaga no Supremo. A comissão e posteriormente o plenário da Casa precisam dar aval a Mendonça e também a Augusto Aras, cuja recondução como titular da Procuradoria Geral da República foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira.
Dirigentes do Centrão avaliam que Onyx só trabalha para construir sua candidatura ao governo do Rio Grande do Sul, em 2022, e não ajuda na articulação política. Além disso, a percepção desses aliados é que a forma como ele atacou o deputado Luis Miranda (DEM-DF) – que acusou o governo de acobertar um esquema de corrupção nas negociações para compra da vacina indiana Covaxin – provocou efeito bumerangue e acabou levando Bolsonaro para o meio da crise.
Onyx tem muitos desafetos no Centrão e não são poucos os que dizem que ele tem exposto o governo a situações vexatórias. Em março, por exemplo, o ministro disse que lockdown não funciona para frear a disseminação da covid-19 porque insetos podem transportar o vírus. Foi desmentido em seguida por especialistas.
O general Ramos, por sua vez, vem sendo apontado por governistas como o ministro que deu informações erradas ao presidente sobre a votação do fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões, na semana passada, fazendo com que Bolsonaro acusasse o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), de “atropelar o regimento” na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
O deputado presidia a sessão que sancionou a LDO e o fundo que agora Bolsonaro promete vetar. O presidente o chamou de “insignificante” e atribuiu a ele a aprovação da verba “astronômica” para financiar campanhas eleitorais.
Depois das críticas, Marcelo Ramos – que publicamente mantinha posição neutra em relação ao Palácio do Planalto – se declarou na oposição e agora está analisando os mais de 100 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Em entrevista ao Estadão/Broadcast Político, o deputado disse que a Câmara precisa delimitar até onde o presidente pode ir. “Se não fizermos isso, Bolsonaro vai avançar e marchar sobre a democracia”, afirmou. / COLABOROU SOFIA AGUIAR, GUSTAVO CÔRTES E MATHEUS DE SOUZA.
Caminhos para o espaço - ISTOÉ
O dono da SpaceX, ElonMusk, é um grande defensor da tese. Para ele, o principal desafio tecnológico da nova corrida espacial será a reutilização de foguetes e de outras máquinas voadoras. É o que ele vem fazendo com seu Falcon 9. Sem o reaproveitamento total ou da maior parte deles em dezenas de voos consecutivos e com garantia máxima de segurança, não há prosperidade no negócio. Só assim a equação de custos se fechará e as viagens se popularizarão.
Jeff Bezos, fundador da Blue Origin, que pretende subir a mais de 100 quilômetros de altura na terça, 20, com o foguete autônomo New Shepard, também pensa muito na reutilização — o estágio inicial de sua nave retornará de maneira controlada para o solo e pronto para outras missões. Richard Branson, magnata no comando da Virgin Galactic, que, há uma semana, fez o voo pioneiro dos bilionários astronautas, alcançando 86 quilômetros de altitude, vai reutilizar o jato porta-aviões e o avião espacial VSS, que compõem a SpaceShipTwo, várias vezes e otimizar seus custos. Ele pretende fazer 400 desses programas espaciais por ano e vender um lugar nas suas naves a US$ 250 mil.
No passado, os foguetes eram descartados após a primeira missão e isso inviabilizava a oferta de qualquer voo tripulado em escala comercial. Boa parte do investimento realizado simplesmente desaparecia e era impossível amortizar os custos de lançamento, principal restrição ao negócio espacial, para ter um preço de carga atraente em uma operação comercial. Para os especialistas, a reutilização de forma eficaz dos foguetes e de outras espaçonaves é um salto tecnológico fundamental que pode reduzir o custo de acesso ao espaço em até cem vezes, mas só nesses primeiros movimentos de concorrência privada já foi diminuído em cerca de 25 vezes, segundo a Nasa. Números da agência indicam que os custos de um lançamento comercial de um satélite na Órbita Terrestre Baixa (LEO) caiu, em 20 anos, de US$ 54,5 mil por quilo nos seus ônibus espaciais para US$ 2,7 mil por quilo no Falcon 9.
Para conseguir isso foram indispensáveis importantes inovações de design, uso de controladores autônomos e sensores para a realização de pousos propulsivos e enormes avanços no desenvolvimento de materiais resistentes e duráveis. Além disso, há um importante processo de miniaturização de peças e equipamentos e o uso de software livre.
A meta é fazer um veículo totalmente reutilizável e com o máximo de autonomia, como não foi feito até agora. Embora as três espaçonaves usadas na corrida ao espaço tenham essa característica de reuso pelo menos parcial, ainda há muito a se evoluir. Em maio, o primeiro estágio do Falcon 9 cumpriu o seu décimo voo ao transportar mais um lote de 60 satélites Starlink que Musk está espalhando pelos céus. A SpaceX declarou que a maioria das peças do Falcon 9 resistirá a 100 lançamentos, embora algumas peças, por causa da alta exposição ao calor, tenham que ser substituídas a cada 10 lançamentos. O New Glenn, cargueiro da Blue Origin, foi projetado para realizar 25 ciclos de voo.
Há pouco mais de um ano, Musk afirmou que a futura nave SpaceX de 100 passageiros terá um custo de operação de US$ 2 milhões — US$ 900 mil de propelentes (combustível e comburente) e US$ 1,1 milhão em outros custos — para voos orbitais. Ainda que só pretenda enviar um voo com turistas em setembro, a SpaceX é a mais avançada tecnologicamente nessa disputa e o Falcon 9 voa a uma altura de 400 quilômetros, onde se localiza a Estação Espacial Internacional (ISS). Seu foguete é muito mais potente que o dos concorrentes, limitados a voos suborbitais. O voo de Bezos durará 11 minutos até a Linha de Kármán, fronteira do espaço sideral, e será autônomo, sem pilotos. O magnata viajará com seu irmão Mark e a instrutora de voo Wally Funk, 82 anos, mulher mais velha a ir para o espaço.
Branson, por sua vez, dois dias depois de seu voo inaugural demonstrou alguma fraqueza comercial e fez um pedido para vender R$ 500 milhões em ações para financiar seus projetos. Apesar da missão bem sucedida, as ações da Virgin Galactic caíram 17,3%%. A tecnologia de Branson tem características de leveza e design que fazem suas viagens parecerem simples e seguras, mas os investidores estão desconfiados de sua capacidade financeira para garantir a escala do projeto.
Camada de ozônio
A enorme preocupação com a redução de custos ofusca os riscos ambientais envolvidos nas viagens ao espaço. Diante da “conquista da humanidade”, os bilionários astronautas não tocam no assunto, mas seus foguetes são altamente poluidores. A maior ameaça detectada, além da emissão de gases do efeito estufa e do aumento do lixo espacial, é a destruição da camada de ozônio, que protege o planeta da radiação ultravioleta. O problema crucial é o combustível. Os projetos da SpaceX e da Blue Origin utilizam apenas propelentes líquidos e a Virgin uma combinação híbrida. Nos dois casos há liberação de gases como óxidos de nitrogênio e compostos clorados que afetam a camada de ozônio. Em 2020 aconteceram 114 lançamentos orbitais no mundo, mas esse número tende a crescer muito daqui para frente. Está claro que na nova corrida espacial, além de desenvolver tecnologias para cortar custos operacionais e foguetes reutilizáveis mais baratos, será fundamental encontrar formas de preservar o meio ambiente.
Um grande passo
A missão Apollo 11, que levou o homem pela primeira vez à Lua, atingiu a sua meta no dia 20 de julho de 1969, há 52 anos, quando os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin pousaram o módulo Eagle no satélite e caminharam pela superfície lunar. Enquanto isso, o terceiro astronauta da missão, Michael Collins, pilotava o módulo de comando Columbia na órbita lunar e aguardava os companheiros. Apesar do sucesso tecnológico e científico na missão, ela não foi suficiente para impulsionar uma corrida espacial nas décadas seguintes.
E seu principal problema eram os custos. A Nasa destinou, entre 1959 e 1973, US$ 23,6 bilhões para o programa Apollo, o que equivale a US$ 131,7 bilhões atuais. Os altos custos para os lançamentos de foguetes, que não eram reutilizáveis, foram decisivos para o abandono do maior programa espacial da Nasa.
Fortaleza alcança 50% da população vacinada contra a Covid-19 após 6 meses do início da imunização
Há seis meses do início da campanha de vacinação contra a Covid-19, Fortaleza alcançou 50,25% da população total imunizada com a primeira dose nesta terça-feira (20). Das 2.686.612 pessoas residentes na capital em 2020, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1.323.672 delas receberam a D1 e 26.392 a dose única.
A informação foi dada pelo prefeito José Sarto, no primeiro dia do Seminário dos Gestores Públicos do Ceará, via transmissão ao vivo. "A primeira dose, a depender do imunizante, dá um percentual bom já [de] até 70% de imunidade e o restante [vem] com o término do ciclo vacinal, que é a segunda dose", afirma.
De acordo com Ana Estela Leite, secretária municipal da saúde, a cidade conta com mais de 110 pontos de vacinação aplicando a D1. Além disso, houve ampliação da faixa etária para aplicação da primeira dose, mesmo sem agendamento: “iniciamos com 60, passamos para 50 e agora estamos com 45 anos”. No entanto, para buscar a imunização, as pessoas precisam residir em Fortaleza e estar previamente cadastradas no Saúde Digital.
Conforme a pesquisadora e infectologista do Hospital São José (HSJ), Melissa Medeiros, “a gente entrou mais tardiamente na corrida [das vacinas], mas eu acho que a gente tá chegando e avançando muito bem. Inclusive, eu acho que a gente precisa realmente parabenizar os esforços que tão sendo feitos”.
A médica relata ainda que um dos pontos que dificultou o progresso da vacinação até então foi a compra tardia dos imunizantes. “Os acordos demoraram a chegar, a produção de vacinas em larga escala foi bem retardada no momento em que outros países já estavam avançando muito nisso”.
OS CUIDADOS CONTINUAM
Para Mônica Façanha, infectologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), apesar do fato ser um marco importante, “ainda não é hora de ficar tranquilo e de achar que tá tudo liberado porque a gente conseguiu fazer 50% com a primeira dose, não é bem assim”.
“A gente precisa chegar a 50% da segunda dose e depois chegar a 70%, 80% da população total vacinada pra gente ficar mais tranquilo, porque, enquanto a gente não tiver isso, a gente vai ter vírus se multiplicando e transmitindo”, continua.
Com a evolução da Campanha, Façanha explica que os casos graves da doença tendem a diminuir, bem como as chances de surgirem novas cepas. “Essa é a nossa grande esperança de que a gente reduza bastante a quantidade de gente infectada e aí a gente tem menos chances de ter vírus com cepas que sejam mais eficientes”.
SEGUNDA DOSE É NECESSÁRIA
Neste cenário, a professora da UFC reitera que é de extrema importância que as pessoas não deixem de tomar a segunda dose dos imunizantes - exceto a vacina da Janssen que tem dose única -, porque a eficácia deles só é atingida, de fato, quando completado o esquema vacinal.
O TÃO ESPERADO DIA
Este é o caso do estudante Gustavo Castello, 30 anos, que recebeu a primeira dose da vacina Oxford/AstraZeneca, nesta segunda-feira (19), no shopping RioMar Kennedy. “Depois dessa triste espera que a gente viu tanta gente ficando doente e partindo, agora chegou a minha vez de me vacinar”.
Gustavo expõe que o medo de adquirir a doença era constante não só para si, mas principalmente para a sua família. “Ainda mais eu que moro como minha avó idosa. [Mesmo com a vacina], vou continuar tomando os cuidados necessários recomendados pela ciência... eu acredito na ciência”. DIARIONORDES