Ciro tenta ressuscitar a terceira via
Ciro Gomes é brasileiro e não desiste nunca. Pela terceira vez, ele se lança candidato a presidente. Pela terceira vez, tenta emplacar como alternativa ao duelo entre petismo e antipetismo.
Nas campanhas passadas, não deu certo. Em 1998, Ciro ficou em terceiro lugar, bem atrás de FH e Lula. Em 2002, chegou a ameaçar o favoritismo do petista. Tropeçou na própria língua e acabou na quarta posição, atrás de José Serra e Anthony Garotinho.
O Ibope de terça-feira indicou que ele voltaria a morrer na praia. Jair Bolsonaro manteve a ponta, e Fernando Haddad assumiu a vice-liderança isolada. Ontem o Datafolha voltou a posicionar Ciro no jogo. Ele não cresceu, mas apareceu em empate técnico com o petista na disputa pela vaga no segundo turno. Nas simulações de confronto direto, foi o único a vencer Bolsonaro fora da margem de erro: 45% a 39%.
De volta ao jogo
O resultado da pesquisa do DataFolha parece ter reaberto a possibilidade de surgir uma terceira via pelo centro contra os extremos. Ciro Gomes busca esse caminho de volta às suas origens, depois de ter flertado com a esquerda nos últimos anos. Se apresenta como centro politico, nem esquerda nem direita, e parece estar mais conectado ao espírito dos tempos atuais, que favorece os candidatos mais assertivos, sem importar muito se suas promessas e ideias são factíveis. A disputa está tão radicalizada que o centro pode ser representado por Ciro, um político irascível e com ideias econômicas ultrapassadas, como proibir a fusão da Embraer com a Boeing.
A possibilidade de o eleitorado estar, afinal, buscando a via do meio faz com que candidatos mais genuinamente desse campo, como o tucano Geraldo Alckmin e Marina Silva, da Rede, animem-se. Seria um sinal de que os extremos em provável disputa num segundo turno preocupam o eleitorado.
Risco de erros velhos do PT
O programa de Fernando Haddad propõe a criação de um imposto sobre exportação, que atingiria em cheio o agronegócio e outras commodities. Tem a controversa proposta de um novo índice de inflação para orientar a Selic. Nestes 10 dias de campanha como candidato oficial, Haddad tem preferido a narrativa aos fatos, quando é cobrado sobre os problemas criados pelos governos do PT. Algumas propostas que defende não se sustentam, outras são perigosas e mostram que o partido não aprendeu com os erros.
O imposto sobre exportação seria regulatório, segundo o texto, e “capaz de estimular a elevação do valor agregado de exportação e minimizar a variação cambial”. Incidiria, pelo visto, sobre commodities como soja ou minério de ferro. Com o dinheiro, será criado um “fundo de estabilização cambial”. Bom, para isso existem as reservas cambiais. Esse imposto pode ser um tiro no pé, como foi na Argentina.
Haddad vira alvo dos rivais em debate presidencial
Pedro Venceslau e Ricardo Galhardo, O Estado de S.Paulo
21 Setembro 2018 | 00h26
APARECIDA - Com a ausência de Jair Bolsonaro (PSL), o candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, foi o alvo principal dos adversários durante o debate presidencialrealizado na noite desta quinta-feira, 20, pela TV Aparecida, na cidade do interior paulista. Estreante num encontro entre os presidenciáveis, Haddad foi questionado sobre denúncias de corrupção envolvendo petistas e a crise econômica originada no governo da presidente cassada Dilma Rousseff.
Haddad assumiu a candidatura presidencial do PT somente no dia 11 deste mês, em substituição a Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato e barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Conforme as mais recentes pesquisas, ele está em segundo lugar nas intenções de voto, atrás do líder Bolsonaro – o candidato do PSL permanece internado se recuperando de uma facada.
Frase ‘Haddad é Lula’ confunde o eleitor e ‘produz desinformação’, acusa MPE
Rafael Moraes Moura e Amanda Pupo/BRASÍLIA
20 Setembro 2018 | 18h00 / FOLHA DE SP
BRASÍLIA – Em parecer encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques, acusou a coligação “O povo feliz de novo” (PT/PC do B/Pros) de confundir os eleitores ao propagar a mensagem “Haddad é Lula”, com a figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgada ao lado de Fernando Haddad e Manuela d’Ávila, respectivamente os candidatos a presidente e vice-presidente da chapa. Para Jacques, a peça confunde o eleitor e passa a ideia de que a chapa é composta, na verdade, por três nomes.
PSDB já discute os efeitos do fiasco de Alckmin
Caciques do PSDB já debatem internamente os efeitos políticos de um eventual insucesso de Geraldo Alckmin na corrida presidencial de 2018. Em respeito ao candidato, os tucanos se esforçam para ocultar o desânimo. No debate interno, porém, o grosso do partido já jogou a toalha, admitiram três integrantes da cúpula do tucanato em conversas com o blog. Na expressão de um deles, a sexta derrota nacional deve “estilhaçar” a legenda.
O primeiro efeito prático do provável fracasso de Alckmin será uma divisão quanto ao posicionamento do partido no segundo turno. Presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso sinalizou que, numa eventual disputa entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, não hesitaria em apoiar o petista. Mas essa posição não é consensual. Longe disso.