Novo chefe do Incra sugere que o movimento vai ter de se legalizar ser quiser ser interlocutor na área
Prestem atenção à resposta que deu quando indagado se vai se sentar à mesa para negociar com o MST:
“Eu prefiro não falar do MST ou de qualquer outro movimento específico. A minha concepção sobre essa questão é que nós vamos manter um diálogo com aquelas entidades que possuem existência, com identidade jurídica. Essa é uma condição sine qua non. E, para interlocução, outra questão imperativa considerada é que a entidade não esteja à margem da lei e que esteja dentro do processo nacional dentro da legalidade. A partir disso nós vamos analisar”
A Folha lembrou: “O MST é um movimento social e não possui identidade jurídica, como um CNPJ”. É isso mesmo. Não possui. E aí está um dos problemas do movimento. Não possui CNPJ ou qualquer forma de registro, mas atua. Promove invasões, comanda acampamentos, dirige assentamentos, mas não é um ente jurídico. É evidente que não pode ser assim, e há escrevi muitas dezenas de texto a respeito. “Ah, Reinaldo, agora quer que a simples militância seja registrada em cartório”? Não! Se um grupo de pessoas quiser criar o “MAM” (Movimento dos Admiradores de Mozart) ou o MCDBR (Movimentos dos Consumidores que Dividem Biscoito Recheado), terão a minha simpatia. Sem CNPJ ou algo do gênero. Se, no entanto, essas entidades começarem a apresentar demandas ao Estado, passarem a ter a gestão de recursos públicos — e o MST faz isso por intermédio de cooperativas e assentamentos que recebem recursos do Tesouro — e se transformam numa força política relevante, aí, meus caros, é preciso, sim, que haja a formalização. Sempre expressei esse ponto de vista e não mudei de ideia.
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General Jesus Correa, que vai cuidar da reforma agrária, concede uma entrevista correta e decorosa
Mais um general da reserva num cargo importante: Jesus Correa, 64 anos, vai presidir o Incra, que é o órgão executor da reforma agrária no país. Correa concedeu uma entrevista a Eduardo Scolese na edição desta segunda da Folha. Como tem sido rotina, os militares com cargo no governo Bolsonaro são sempre muito decorosos ao falar, evitando o proselitismo ideológico chinfrim. Ah, sim: não incluo o presidente no grupo dos contidos. Quando se manifesta, especialmente nas redes sociais, ainda diz muita bobagem e faz declarações que só acentuam a crispação ideológica — vale dizer: uma inutilidade. A entrevista do general é correta, pacificadora, mas vem coisa pela frente. Terá de ter calma e sabedoria. E, desde já, pode-se dizer o nome da questão: MST. Começo por aí.
Continua aqui. REINALDO AZEVEDO
Deputada do PSL alega que também recebeu ameaças de morte
Eleita com mais de 70 mil votos, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) diz ter recebida mensagens de morte dos mesmos autores das ameaças feitas ao ex-deputado Jean Wyllys, que renunciou ao cargo no início do ano. As informações são do site Universa.
Zambelli diz ter recebido mensagens enviadas por Emerson Rodrigues Setim, mesma pessoa que enviou ameaças a Jean Wyllys. A deputada afirma que ameaças de morte contra ela e o filho de 11 anos foram feitas por e-mail e que, agora, anda com escolta policial. Emerson Setim, o intimidador, já foi preso pela Polícia Federal em 2012 por racismo e divulgação de pornografia infantil e, no ano passado, foi denunciado pelo Ministério Público Federal por associação criminosa.
Presidente da Alerj exonera assessora que movimentou R$ 26 milhões
RIO — No topo da lista de funcionários da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) com movimentações financeiras consideradas “atípicas” pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ,Elisângela Barbiere foi exonerada do gabinete do deputado estadual André Ceciliano (PT) . O petista, eleito no dia 2 para permanecer na presidência da Alerj, decidiu na última sexta-feira dispensar Elisângela e nomear outra pessoa para a vaga de “assessora parlamentar 5” deixada pela ex-funcionária. Com salário mensal de R$ 5 mil no Legislativo fluminense, Elisângela ganhou notoriedade após o Coaf revelar que ela movimentou R$ 26,5 milhões entre janeiro de 2011 e maio de 2017.
SEMANA EM REVISTA - JOMAR CAMPOS
RECUPERAR O TEMPO PERDIDO
+++ O senador Tasso Jereissati, um dos mais felizes com o desfecho da eleição para presidente do Senado, afirma ser hora de se recuperar o tempo perdido na Câmara Alta. Ou seja, depois das agitações do pleito, é preciso reiniciar a luta por uma pauta realmente construtiva pela qual o país tanto cobra e necessita. “Ainda permanecemos patinando sobre problemas herdados causa da irresponsabilidade fiscal praticada por governos populistas e demagógicos, apoiados por um sistema jurídico cujas únicas prioridades estavam na conquista de vantagens pessoais via corrupção”.
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CORROENDO SALÁRIOS
+++ Em mais um pronunciamento em que se desfaz em críticas aos governantes no poder, o deputado Heitor Férrer (PSB) volta suas baterias contra a política econômica praticada pelo governo da união, principalmente nas últimas duas décadas. Para Heitor, não existe hipocrisia maior, na verdade, desonestidade, do que uma empresa estatal ficar controlando propositadamente os níveis de inflação, com o objetivo de corroer os salários dos mais pobres. “Em 2017, por exemplo – diz ele – enquanto a inflação foi de apenas 2,5% a CAGECE deu aumento de 17%.
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MENOS PRIVILÉGIOS
+++ Na sessão de 5ª-feira, da Assembléia Legislativa, o “enfant terrible” André Fernandes (PSL) ao pronunciar diatribes contra a classe dos parlamentares estaduais do Ceará, andou se perdendo ao falar em aposentadorias ilícitas. Por coincidência, o ministro da Economia Paulo Guedes, em entrevista, fez grave advertência: a partir de agora todo político terá que se aposentar sem nenhum privilégio, igual a qualquer outro brasileiro. “Se a população tivesse conhecimento de que são os mais pobres que financiam aposentadorias milionárias a revolta seria grande”.
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