Bolsonaro usará Lula para 'reanimar' antipetismo...
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Suprema ironia: Dez meses depois da posse de um presidente da República que se elegeu enrolado na bandeira da Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal impôs ao esforço anticorrupção um duro revés. Noutros tempos, Jair Bolsonaro subiria no caixote do Twitter para criticar a Suprema Corte. Hoje, o capitão celebra em silêncio a oportunidade de utilizar a saída de Lula da cadeia para reconquistar o pedaço do eleitorado antipetista que foge dele nas pesquisas.
Na expressão de um ministro, Bolsonaro "quer transformar o 'Lula livre' numa espécie de 'risco Lula'." A ideia é recriar aos poucos a atmosfera de polarização que marcou o segundo turno da disputa presidencial de 2018. Um ambiente em que o voto dos eleitores de Bolsonaro foi vitaminado pelos eleitores que não desejavam votar de jeito nenhum no adversário dele, o petista Fernando Haddad.
Com os pobres, a roda gira - FLÁVIA OLIVEIRA
Vivesse na planície, o ministro Paulo Guedes compreenderia por que o topo da pirâmide poupa e a base gasta. Do Planalto — em Brasília e vida afora — não enxerga. Na entrevista a Alexa Salomão, da “Folha de S.Paulo”, a quem antecipou o ambicioso conjunto de medidas encaminhado ao Congresso Nacional na última terça-feira, declarou em tom crítico: “Os ricos capitalizam seus recursos. Os pobres consomem tudo”. O titular da superpasta da Economia, que apresentou a reforma do Estado usando pulseira com indicação de um versículo do Apocalipse, último livro da Bíblia, parece não entender que os mais pobres fazem o dinheiro circular, a roda girar. São redistributivos. Uma bênção.
Na Síntese de Indicadores Sociais 2018, o IBGE informou que o rendimento domiciliar per capita mediano da metade mais pobre da população brasileira é de R$ 414. Em estatística, mediana é o número que divide em partes iguais um conjunto de valores ordenados. Assim, 50% dos lares de menor renda nem chegam a ganhar R$ 414 por mês. É pouco. Já no grupo dos 10% mais ricos, a mediana é de R$ 4.229. Famílias pobres são numerosas: 3,5 pessoas por residência, contra 2,3 entre os ricos. E reúnem mais crianças: 28% dos moradores têm idade de zero a 14 anos; entre os ricos, a proporção é de 10,2%.
Reforma vai excluir juízes e parlamentares
08 de novembro de 2019 | 04h00
BRASÍLIA - Juízes, procuradores e parlamentares vão ficar, num primeiro momento, fora do alcance das medidas da reforma administrativa que a equipe econômica deve apresentar na próxima semana ao Congresso Nacional. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a análise jurídica do governo é de que só o Parlamento pode disciplinar mudanças para essas categorias.
Após apresentar um pacote para rever a dinâmica de gastos do Executivo, o governo mira com a nova iniciativa o que considera como “excessos” de vantagens que beneficiam carreiras de servidores. Entre essas vantagens, estão a licença-prêmio e férias de 60 dias.
A guerra continua - Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo
O Supremo finalmente cumpriu a ameaça de derrubar a prisão após condenação em segunda instância – instrumento importantíssimo contra os crimes, em especial de colarinho branco –, mas é bom que se saiba que a guerra continua. Agora num outro foro também improvável, mas igualmente legítimo: o Congresso Nacional.
“Sim, a guerra continua”, concordou ontem a ex-procuradora geral da República, Raquel Dodge, descartando o frágil argumento de que o “trâmite em julgado”, que se contrapõe à prisão em segunda instância, é cláusula pétrea da Constituição. Não é. Logo, pode ser mudada por Proposta de Emenda Constitucional (PEC).
Se fosse cláusula pétrea, argumenta ela, o Supremo jamais poderia ter admitido a prisão após a condenação em segunda instância, como até ontem, e, aliás, teria votado por unanimidade contra sua aplicação.
Retorno de Lula ao sistema político é bom até para seus adversários
Lula é – era – o único líder político nacional preso. Há dois políticos que já foram importantes em seus respectivos estados que estão presos também, Sérgio Cabral, do Rio, e Eduardo Azeredo, de Minas. Ambos foram governadores e em algum momento foram poderosos, mas apenas regionalmente. Se hoje seus nomes fossem testados em pesquisas estaduais de intenção de voto, teriam um percentual próximo de zero. Lula é em tudo diferente, trata-se de um político nacional que poderia vencer uma eleição presidencial. É algo inédito no Brasil, talvez no mundo. O PT e Lula são, de longe, os principais prejudicados desta situação que foi iniciada em abril de 2018, ano eleitoral.
A decisão de hoje do STF quanto à prisão em segunda instância tem, portanto, uma grande implicação política: recoloca Lula no jogo político. É fato que não se trata, a princípio, de tornar Lula elegível. Isso não é necessário para que ele ocupe o centro do palco. Lula livre dificilmente retornará para a prisão. Assim, ele passará a articular a política, começando pela arbitragem dos conflitos internos do PT, passando por atrair os políticos do Centrão e terminando pela articulação da escolha do candidato de seu partido à presidência em 2022
O retorno de Lula será bom para todo o sistema político, inclusive para seus adversários, como o PSDB e Bolsonaro. O governo ganha com a libertação de Lula porque a oposição não governa, mas faz o governo governar. Com Lula galvanizando a oposição, Bolsonaro terá de mostrar mais serviço do que vem fazendo até agora. Uma oposição vibrante e forte, paradoxalmente, ajuda o governo. Tanto o PSDB quanto seus dissidentes que já conversam com Luciano Huck também vão precisar ser mais atuantes em seus discursos contra a desigualdade e a favor de políticas sociais. Ora, Lula é o dono destes temas, não é fácil deslocá-los do terreno da proteção aos pobres.
Menos de 25% das cidades mantêm matadouros regulares no Ceará
Considerar a carne que vai à mesa do consumidor sempre como um produto de boa qualidade pode até ser uma afirmação natural, mas, em muitas cidades cearenses, essa arguição é colocada à prova. Isso porque menos de 25% dos municípios do Estado possuem matadouros em conformidade com o que é preconizado pela Vigilância Sanitária e pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-CE).
A maioria dos municípios cearenses enfrenta problemas no abate da carne bovina, suína, ovina e caprina. No primeiro semestre deste ano, o Sistema Verdes Mares noticiou que 96 matadouros estavam fechados ou interditados no Ceará. Seis meses depois, o quadro apresentou sensível piora. Hoje, são 99 equipamentos desativados, conforme dados do CRMV.
"O número de abatedouros interditados é muito elevado", considerou o presidente do Conselho de Medicina, Célio Pires. Sua preocupação diz respeito à sanidade dos animais abatidos e a saúde dos consumidores. "Sabemos que nas cidades em que os abatedouros estão fechados, há carne de moita. Ela é vendida livremente e isso é um grave risco à população", frisou. Célio acrescenta que o problema tem se agravado, sobretudo, no Sertão Cearense.