Moro repudia ‘incitação à prática de violência’ durante condução de Lula
Um dia depois da Operação Aletheia, que pegou ex-presidente e provocou tumultos generalizados em São Paulo, juiz da Lava Jato destaca que 'democracia reclama tolerância em relação a opiniões divergentes e respeito às instituições'

Militantes a favor e contra o ex-presidente Lula brigam na avenida Getúlio Vargas, no bairro Baeta Neves, em São Bernardo do Campo (SP). Foto: Clayton de Souza/Estadão
O juiz federal Sérgio Moro declarou neste sábado, 5, que ‘repudia, sem prejuízo da liberdade de expressão e de manifestação política, atos de violência de qualquer natureza, origem e direcionamento, bem como a incitação à prática de violência, ofensas ou ameaças a quem quer que seja, a investigados, a partidos políticos, a instituições constituídas ou a qualquer pessoa’.
STF nega pedido para parar investigações contra Lula
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou na noite desta sexta-feira pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para interromper as investigações contra ele e definir qual braço do Ministério Público estaria apto a apurar irregularidades atribuídas ao petista.
Nos últimos dias, a defesa do ex-presidente havia recorrido ao Judiciário, com pedido de liminar, alegando ser alvo de duas apurações simultâneas, do Ministério Público de São Paulo e do Ministério Público Federal. Ele alegava que não deveria ser investigado na Lava Jato e pediu ao STF que decidisse onde o processo deve tramitar. Sem decisão da ministra até o início da noite desta sexta, foi deflagrada na manhã de hoje a 24ª fase das apurações, batizada de Aletheia e centralizada no petista. A mais recente etapa das investigações sobre o escândalo do petrolão foca nas suspeitas de que o petista tenha recebido vantagens indevidas durante o mandato presidencial e depois que deixou o Palácio do Planalto. Lula foi alvo de um mandado de condução coercitiva. Ele prestou depoimento por cerca de quatro horas no aeroporto de Congonhas e depois foi liberado. Em seu despacho, a ministra disse que o Supremo é, sim, o foro competente para dirimir conflitos de competência dessa natureza, mas afirmou que, no momento, não é possível afirmar que haja duplicidade nas investigações. "Afastadas eventuais situações teratológicas, em princípio ao encerramento das investigações, quando bem delineados e esclarecidos os fatos, é que é possível identificar a existência de conteúdos conflitantes", disse.
O tríplex, o sítio e a fortuna - VEJA
Durante anos, o ex-presidente Lula esforçou-se para manter viva a imagem do homem comum, do político honesto que exerceu o poder em sua plenitude e permaneceu impermeável às tentações. Para os incautos, ele morava até hoje no mesmo apartamento modesto em São Bernardo do Campo (SP) e conservava hábitos simples, como carregar na cabeça uma caixa de isopor cheia de cerveja. Longe dos holofotes, Lula se acostumou com a vida faustosa. Longe dos holofotes, o petista cultivava hábitos sofisticados. Longe dos holofotes, o petista se tornou milionário. E a origem do dinheiro que ele acumulou, em boa parte, está nas empreiteiras acusadas de participar do bilionário esquema de desvio de dinheiro da Petrobras, criado em seu governo. O mito começou a desabar quando as investigações da Lava-Jato revelaram os primeiros sinais de que o ex-presidente, seus filhos, parentes, amigos e aliados estavam todos esparramados de alguma forma na gigantesca bacia da corrupção.
Lula fez comício em vez de dar explicações
Lula ama suas plateias. As plateias de Lula o amam. Mas isso não é suficiente para apagar as evidências de prática de crimes que levaram a Polícia Federal a escoltá-lo para depor, na sexta-feira passada, em uma delegação do órgão instalada no Aeroporto de Congonhas. Como todo populista, Lula é um defensor do igualitarismo, desde que ele seja sempre mais igual do que os outros. Um suspeito da autoria de crimes pelos quais ele é investigado, em especial o delito de ter enriquecido com repasses de dinheiro desviado de uma estatal que pertence ao povo brasileiro, é levado por policiais a depor coercitivamente. Basta que as autoridades decidam assim. Ponto. Mas Lula se acha acima da lei. Ele se sentiu no direito de debochar da Justiça e dos agentes policiais. Fez um pronunciamento depois de depor durante três horas à Polícia Federal sobre as razões pelas quais recebeu 30 milhões de reais de empreiteiras pegas na Operação Lava-Jato por usufruírem um esquema de corrupção na Petrobras.
Lava Jato trata Lula como ‘chefe de quadrilha’
Há uma originalidade perversa na derrocada de Lula. É mais suicídio político do que execução. Toda a movimentação de Lula nos últimos meses foi autodestrutiva. Confrontado com indícios de favorecimento ilegal, Lula fez pose de vítima. Com um desembaraço autocrático, o ex-presidente produziu uma sequência de atentados contra sua própria reputação. Numa estratégia de redução de danos, Lula protagonizou uma coreografia de fuga. Recorreu até ao STF para retardar as investigações. Agiu como se não devesse nada a ninguém, muito menos explicações. Em vez de esclarecimentos, serviu mais da mesma velha tese da perseguição política.
Cardozo receava que Lula fosse preso pela PF
O ministro José Eduardo Cardozo, que acaba de ser transferido da pasta da Justiça para a Advocacia-Geral da União, temia que Sérgio Moro, o juiz da Lava Jato, mandasse a Polícia Federal prender Lula. Em privado, ele declarou há dois dias que o eventual encarceramento de Lula provocaria uma “radicalização”. Nessa antevisão do ministro, a militância petista, a CUT e movimentos sociais como o MST sairiam às ruas para defender Lula. Para ele, a reação teria desfecho imprevisível. Cardozo fez essas observações há dois dias. Era comos e farejasse o que estava por vir. Moro não mandou prender Lula. Mas ordenou que fosse conduzido coercitivamente para prestar depoimento sobre as suspeitas que o assediam. O que já foi suficiente para mobilizar sua infantaria de devotos. No Planalto, auxiliares de Dilma temem que ocorram conflitos durante as manifestações conta o governo marcadas para o dia 13 de março. JOSIAS DE SOUZA
PF FAZ OPERAÇÃO NA CASA DO EX-PRESIDENTE LULA
Pela 24ª fase da Operação Lava Jato, Polícia Federal realiza na manhã desta sexta-feira (4) ação no prédio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo, e de seu filho Fábio Luis Lula da Silva, conhecido como Lulinha, em Moema; há também agentes da PF no Instituto Lula, no bairro Ipiranga, e na Odebrecht, na marginal Pinheiros; Lula está sendo conduzido coercitivamente para depor, assim como o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto; blitz determinada pelo juiz Sérgio Moro atinge todo a família de Lula, filhos, noras e dona Marisa, sua esposa; mandados também são cumpridos em sítio de Atibaia e imóvel do Guarujá, ligados à família Lula, além de Santo André e Manduri; ação foi batizada de “Aletheia” em referência a uma expressão grega que significa “busca da verdade”; no total, cerca de 200 agentes da PF e 30 auditores da Receita Federal cumprem 44 mandados judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia blitz determinada pelo juiz Sérgio Moro atinge todo a família de Lula, filhos, noras e dona Marisa, sua esposa. BRASIL 24-7
Dilma e Lula falharam no esforço de intimidar a Polícia Federal
O PT, Lula e a presidente Dilma Rousseff resolveram pagar para ver e estão vendo. Neste momento, a Polícia Federal realiza mandado de busca e apreensão em todos os endereços de Lula e no apartamento de Fábio Luiz da Silva, o Lulinha, em Moema. É a 24ª fase da Operação Lava Jato, batizada de “Aletheia”, que investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro relacionados à Petrobras. Ao todo, estão em diligência 200 policiais federais e 30 agentes da Receita. “Aletheia”, em grego, quer dizer “verdade”, mas no sentido de desvelamento, de revelação. Precisamente, a palavra quer dizer “não” (a) “esquecimento” (lethe). Ao todo, o juiz Sérgio Moro expediu 44 mandados, sendo 33 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva.
PF deflagra nova fase da Lava Jato contra Lula
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira a 24ª fase da Operação Lava Jato, batizada Aletheia, contra o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Há mandados de condução coercitivia contra o ex-presidente e o atual presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto. A PF também cumpre mandados de busca e apreensao em endereços relacionados ao petista como o próprio Insititulo Lula e imóveis em São Bernardo do Campo, cidade onde mora o ex-presidente, em Guarujá, e em São Paulo. Não há mandado de condução coercitiva contra a ex-primeira-dama Marisa Letícia. A PF informou que investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato. Também há mandados judiciais em Salvador, Rio de Janeiro, Diadema (SP), Santo André e Manduri. VEJA