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Ônus ao trabalhador

Não podemos nos calar diante da tentativa dos tecnocratas do governo de retirar direitos dos trabalhadores, sob a falácia de reforma da Previdência e ajuste fiscal. Desta vez, e novamente “na calada da noite”, o governo anunciou uma reforma para equilibrar suas contas, estabelecendo medidas bastante prejudiciais aos trabalhadores, como limitar a idade para a aposentadoria e recriar a CPMF. Dizer que estipular uma idade mínima para se aposentar resolve os problemas da Previdência é uma falácia. Aumentar a fiscalização, melhorar sua eficiência nos atendimentos e qualificar melhor seu quadro, sim, são fatores que contribuem para a solução dos impasses. Não podemos aceitar que qualquer passo para uma reforma previdenciária seja dado sem a participação dos representantes dos trabalhadores, para que façamos um raio-x, uma avaliação criteriosa a fim de saber a real situação da Previdência, e propostas sejam tiradas em consenso. Aliás, o Fórum Nacional da Previdência já foi instituído, pelo próprio governo, justamente com este objetivo.

O governo, teimosamente, insiste em não dar ouvidos ao que os representantes dos trabalhadores têm a dizer. Entendemos que a Previdência é uma caixa preta que precisa ser aberta, e seus verdadeiros problemas apontados, para que possamos aceitá-la sem amputar direitos. O governo, sempre que pode, evita o diálogo com as centrais sindicais.

Por outro lado, o governo insiste em uma política econômica evasiva e equivocada, de juros altos, inflação crescente, crédito caro, taxas e sobretaxas, que vem causando fraqueza à economia, provocando desindustrialização e desemprego, queda na produção e no consumo.

O governo, insistimos, não pode buscar seu equilíbrio fiscal jogando o ônus nas costas dos trabalhadores. A responsabilidade de azeitar a máquina administrativa é única e exclusivamente do próprio governo. Não cabe a nós, trabalhadores, já tão punidos pela sequência de desacertos na condução econômica do país, arcarmos com mais esse fardo.

A nova equipe econômica do governo parece ter dado um mau passo logo no início da sua caminhada. E uma caminhada que começa errada tende a não dar certo lá na frente.

Repudiamos veementemente toda e qualquer situação que prejudique os trabalhadores, como é o caso do ajuste fiscal que o governo quer impor, à custa da retirada de direitos.

A luta da Força Sindical por um Brasil mais justo e igualitário vai continuar. E será intensificada! Queremos a indústria saudável, empregos de qualidade, a melhoria do poder aquisitivo, saúde e educação decentes e a valorização dos aposentados, entre outras demandas.

Lembramos que aposentadorias dignas contribuem de forma substancial para uma distribuição justa de renda.

Miguel Torres é presidente da Força Sindical - O GLOBO

 

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