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Todo mundo paga caro pela educação de má qualidade no Brasil

Pense no valor que você paga para ter TV por assinatura ou mesmo um plano de celular. Se o valor te parece muito caro, já imaginou o que poderia ser feito para reduzir o gasto? Entre tudo que faz parte dos custos de uma empresa, o treinamento de funcionários pode ser um dos mais importantes. Dependendo do setor, o preparo da equipe tem um impacto ainda maior na contabilidade da corporação. Em telemarketing, por exemplo, a rotatividade é alta, ou seja, o treinamento de novos funcionários é uma demanda constante. Se isso significa aumento nos gastos da empresa, esse incremento, de alguma forma, é repassado aos consumidores.


Este é apenas um ângulo que serve como referência quando o assunto é a educação de baixa qualidade no Brasil. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) realizou um estudo para analisar o desempenho de estudantes, na faixa dos 15 anos, em conhecimentos básicos de matemática. O Brasil ficou em 58º lugar em um ranking que considera 65 países, atrás da Albânia e Costa Rica. 

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) fez uma nova análise do estudo e apontou que 67,1% dos alunos brasileiros, com 15 e 16 anos, estão abaixo do nível 2 em matemática, o que representa baixo desempenho na escola e dificuldades futuras de inserção no mercado de trabalho. Aliás, somente 0,8% dos alunos brasileiros atingiram os níveis 5 e 6 na matéria, que são os patamares que exigem cálculos mais complexos. Na China, que aparece em primeiro lugar no ranking, 55,4% dos alunos atingiram esses níveis. 

A própria OCDE analisa que o gasto médio que deve ser feito, por aluno, na faixa entre 6 a 15 anos, é de US$ 50 mil. No Brasil, o valor investido por aluno representa um pouco mais da metade do estipulado: US$ 26,7 mil. 

O mais preocupante quanto a péssima qualidade de educação no país é o impacto disso no futuro. Dados da Conference Board, divulgados em 2015, apontam que são necessários quatro brasileiros para produzir o que um americano faz. A relação é semelhante à que existia ainda na década de 1950. Considerando somente a América do Sul, são necessários dois brasileiros para fazer o que um chileno é capaz. 

Se a qualidade de ensino no Brasil permanecer ruim, não há como diminuir a diferença de produtividade da nossa mão-de-obra quando a comparamos a outros países com níveis educacionais melhores. No futuro, alunos mal preparados representam custos altos para empresas e, consequentemente, produtos e serviços mais caros ao consumidor final. 

Ainda que você tenha tido a oportunidade de estudar em boas escolas e de ter uma boa preparação para o mercado de trabalho, a qualidade de ensino ruim no restante do país é um problema que gera reflexos em cadeia. Mesmo quem acha que está de fora do problema, também está pagando caro pela falta de investimento no que deveria ser a base para o país. Se queremos uma economia mais forte e sólida a longo prazo, é preciso repensar a sala de aula. por Samy Dana / G1

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