Qual o impacto da volta de Lula ao cenário político? Veja a análise dos colunistas
RIO — Após deixar a sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde esteve preso 580 dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da silva discursou para os militantes e anunciou que vai percorrer o país. Ele também centrou fogo na força-tarefa da Lava-Jato e acentuou a sua oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Poucas horas depois, o petista adotou tom mais leve em vídeo publicado nas redes sociais. Disse que quer “construir um país melhor” e que não vai “ficar falando mal” do presidente Jair Bolsonaro.
Qual será a estratégia de Lula? Qual o impacto da volta do ex-presidente ao cenário político? Os colunistas do GLOBO Míriam Leitão, Merval Pereira e Ascânio Seleme analisam qual será o papel de Lula.
Chamado de 'canalha' por Lula, Moro diz que não responde a 'criminosos, presos ou soltos'
Criticado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou na tarde deste sábado (9) que não responderá a "ofensas" de "criminosos, presos ou soltos".
Lula foi solto nesta sexta-feira (8) após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e 580 dias na Superintendência da Polícia Federal. Ele foi preso depois de ser condenado em duas instâncias da Justiça por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A primeira sentença condenatória foi proferida por Moro, quando este ainda era juiz federal em Curitiba – a sentença foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal.
"Aos que me pedem respostas a ofensas, esclareço: não respondo a criminosos, presos ou soltos. Algumas pessoas só merecem ser ignoradas", afirmou Moro neste sábado em uma rede social.
A publicação foi feita pouco depois do discurso de Lula em São Bernardo do Campo. Na ocasião, o ex-presidente fez uma fala agressiva, e chamou o atual ministro da Justiça de "canalha".
Em outro momento da fala, o ex-presidente disse duvidar que Moro "durma com a consciência tranquila".
"Eu poderia ter ido a uma embaixada, eu poderia ter ido a um outro país, mas eu tomei a decisão de ir lá. Porque eu preciso provar que o juiz Moro não era juiz, era um canalha que estava me julgando", disse Lula no discurso. PORTAL G1
O mundo não acabou - O ESTADO DE SP
09 de novembro de 2019 | 03h00
Diante de um julgamento que despertou, como poucas vezes, tantas paixões, é oportuno entender o que de fato foi analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) 43, 44 e 54, a respeito do início do cumprimento da pena. Concorde-se ou não com a decisão do Supremo, é hora de serenidade, evitando contaminar a discussão com questões políticas ou ideológicas. O aperfeiçoamento do sistema de Justiça não se dá com afrontas, arroubos ou estridências.
Em primeiro lugar, deve-se ressaltar a falta de funcionalidade de um sistema penal que espera o esgotamento de todos os recursos para que se possa iniciar o cumprimento da pena. Não é assim que funciona nos países civilizados. Aguardar o trânsito em julgado é colocar o trabalho da primeira e da segunda instâncias sob uma névoa de dúvida, o que tem muitos efeitos daninhos. Além de sobrecarregar as instâncias superiores, essa condição transmite a mensagem de que as instâncias inferiores não precisam fazer um trabalho impecável. Suas decisões não geram efeitos, estando sempre condicionadas a uma corte superior de revisão. Um bom sistema de Justiça atua de forma oposta, fortalecendo a responsabilidade de cada instância.
O PT e a pobreza extrema - O ESTADO DE SP
09 de novembro de 2019 | 03h00
Os 4,5 milhões de brasileiros incorporados à população que vive em situação de extrema pobreza entre 2014 e 2018 compõem o resultado social mais dramático do desastre político, econômico e administrativo que foi o governo da presidente Dilma Rousseff, em boa hora afastada do cargo pelo Congresso em agosto de 2016. O último governo lulopetista fez o Brasil piorar muito, pois seu legado foi uma profunda crise econômica, que vai sendo superada lentamente, e a degradação de alguns dos principais indicadores sociais, sobretudo os que se referem a emprego e renda. Entre 2014 – último ano do primeiro mandato de Dilma, quando começa a crise – e 2018, o número de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza passou de 45,817 milhões para 52,523 milhões. Os números mostram também a falácia das chamadas políticas sociais dos governos petistas, anunciadas como responsáveis pelo fim da pobreza no País, mas cujos efeitos, quando detectados, se mostraram efêmeros, pois sempre faltou base de sustentação a essas políticas, a começar pela preparação adequada dos beneficiados para seu desenvolvimento pessoal.
A Síntese de Indicadores Sociais – Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é um retrato preciso das condições em que vivem os brasileiros. Sua série histórica, a partir de 2012, é também um atestado da irresponsabilidade com que os governos do PT manipularam os principais indicadores sociais. Houve, de fato, alguma melhora nesses indicadores nos primeiros anos do primeiro mandato de Dilma, como a redução porcentual e em números absolutos da população extremamente pobre e dos brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza. Mas o resultado final é assustador.
Relatório aponta uso indevido de tratores doados por projeto
Estudo preliminar inédito realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) aponta que mais de 30% dos tratores fornecidos pelo Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável, conhecido como São José, estão sendo utilizados de forma indevida. O levantamento começou no início do ano e foi divulgado nesta quinta-feira (7) pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA).
No intervalo de 25 anos, associações comunitárias receberam do Estado cerca de 1.841 tratores, dentro da política de mecanização e desenvolvimento agrícola no Ceará.
Silêncio de Bolsonaro sobre Lula e STF é gritante...
Jair Bolsonaro acatou com reverência e recato o julgamento em que o Supremo Tribunal Federal tachou de inconstitucional a prisão de condenados na segunda instância. Absteve-se de revidar os ataques desferidos por Lula ao deixar a cadeia. Ou seja, Bolsonaro esteve completamente fora de si nas últimas horas. Seu silêncio, por gritante, injeta hipocrisia na conjuntura.
A prudência ensina: "Pense duas vezes antes de falar". Imprudente, Bolsonaro fala dez vezes antes de pensar. De repente, decidiu calar. Nesta sexta-feira, esquivou-se dos repórteres em duas solenidades. À noite, de volta ao Palácio da Alvorada, parou na entrada para distribuir afagos a um grupo de fãs. Fugiu de perguntas sobre STF e Lula. "Não vou entrar numa furada", alegou.
Mais cedo, ao discursar numa cerimônia de formatura do curso de formação de policiais federais, Bolsonaro caprichou na loquacidade ao recobrir de elogios o seu ministro da Justiça. Chegou mesmo a insinuar que não estaria na Presidência se Moro não tivesse feito o que fez como juiz da Lava Jato. "Se essa missão dele não fosse bem cumprida, eu também não estaria aqui. Então, em parte, o que acontece na política do Brasil devemos a Sergio Moro", disse Bolsonaro.
Até os cegos enxergam a manobra retórica do capitão. Para compensar a irritação dos devotos que o criticam nas redes sociais por poupar o Supremo e Lula, Bolsonaro encosta sua imagem declinante na figura mais popular do governo. O prestígio de Moro junto à opinião pública cresce na proporção direta da diminuição de sua reputação nos meios jurídicos.
Bolsonaro não critica o Supremo porque descobriu, depois dos 60 anos de idade, que os ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes são seus amigos de infância. Ambos expediram liminares para blindar o primogênito Flávio Bolsonaro, que é acusado de peculato e lavagem de dinheiro, numa investigação coestrelada pelo PM Fabrício Queiroz. De resto, embora não possa confessar em público, o capitão declara em privado que vê a libertação de Lula como um presente a serviço da polarização.
Nesse contexto, Bolsonaro acaba deixando Sergio Moro em posição vexatória. É como se o ministro emprestasse a respeitabilidade que presume ter para ser utilizada por um chefe espertalhão. Está entendido que, por delegação de 57 milhões de brasileiros, o governo é de Bolsonaro, que carrega a tiracolo o seu clã. Mas é Sergio Moro quem coloca a cara na vitrine por eles.